Que plantas produzir?

Luís Alves quarta-feira, janeiro 09, 2008 Add Comment Edit

Importa salientar o cultivo de Limonete (Aloysia triphylla); Hortelã-pimenta (Mentha x piperita); Erva-príncipe (Cymbopogon citratus); Erva-cidreira (Melissa officinalis); Tomilho-limão (Thymus x citriodorus); Loureiro (Laurus nobilis) e Equinácea (Echinacea purpurea), considerando a sua procura no mercado e importância económica actual. O mercado apresenta no entanto flutuações na procura de algumas destas espécies, que se prendem sobretudo com a oferta mundial em determinado momento. O agricultor deve estar preparado para enfrentar essas flutuações, tendo elasticidade suficiente para apostar numa nova espécie, mais lucrativa, num curto espaço de tempo.
Muitas outras tem igualmente um enorme potencial, como sejam a Perpétua-roxa (Gomphrena globosa); Camomila (Chamomilla recutita); Roseira (Rosa damascena); Malva (Malva sylvestris); Jasmim (Jasminum officinale); Absinto (Artemisia absinthium); Tomilho bela-luz (Thymus mastichina); Hortelã-vulgar (Mentha spicata); sendo necessário efectuar e tornar disponíveis estudos agronómicos sobre estas espécies, bem como realizar uma prospecção de mercado no sentido de averiguar quais as reais necessidades.
O projecto de produção de PAM em Agricultura Biológica, na Quinta do Paço, em Vila Nova de Gaia é uma das maiores áreas do país com este tipo de cultivo, tendo uma área de cultivo de cerca de 3 ha, visando a quase totalidade de exportação da produção, sendo que as espécies cultivadas são a equinácea, limonete, erva-príncipe, hortelã-pimenta, loureiro, tomilho-limão, tomilho bela-luz e hipericão-do-gerês, este último destinado apenas ao mercado português.
A arquitectura do sistema de plantação, inovadora nesta área, visa diminuir os trabalhos de manutenção das culturas, aumentando a eficiência no controlo de pragas e doenças, infestantes e da rega.
A mecanização da colheita e do processamento primário das plantas secas tornam o produto final mais rentável. De salientar que produzir a esta escala envolve um investimento considerável de tempo e dinheiro, e que financeiramente compensa se for feito de forma que permita produzir centenas de quilos de matéria-prima de elevada qualidade, assim colocados no mercado. Importa reunir novos produtores, com parâmetros de produção normalizados. A ausência de experiência no cultivo e processamento destas plantas, bem como de trabalhos e literatura científica adequada às nossas condições edafo/climáticas é um factor condicionante para eventuais futuros empreendedores nesta área.

Conclusão
No geral, o comércio de medicamentos naturais está a crescer a uma taxa mais elevada do que o comércio de medicamentos de síntese convencionais. Existe um maior número de empresas a comprar plantas medicinais certificadas no modo de produção biológico, especialmente para o desenvolvimento de novos produtos.
As tendências que tem impacto na procura das medicinas naturais e, consequentemente, na procura de ingredientes naturais para produtos farmacêuticos, incluem, entre outras:

A busca do consumidor por uma alternativa ou um complemento aos medicamentos convencionais e à medicina moderna;
O incremento e ascensão das medicinas naturais estão também fortemente relacionados com a ascensão dos movimentos com preocupações ambientais;
A venda deste género de produtos pelas grandes empresas farmacêuticas colocou-os no mercado de grande consumo;
Maiores campanhas de marketing e atenção dos media também contribuem para um grande crescimento no procura e consumo;
Maior ênfase na segurança, eficácia e qualidade resultaram em mais pesquisa e desenvolvimento, no sentido de produzir produtos standards e obtenção de matérias-primas certificadas e de elevada qualidade, que resultaram numa maior legitimidade neste género de produtos;
Aceitação dos medicamentos naturais pelas companhias de seguros (Alemanha, Japão, Estados Unidos);

Perante este cenário, é importante reconhecer que a produção de PAM em Portugal está atrasada, que pode ser uma importante forma de agricultura alternativa, rentável a curto/médio prazo, assim haja vontade e empenho de todos aqueles que podem e devem contribuir para o processo produtivo.
Se as condições anteriormente descritas forem reunidas, as matérias-primas produzidas tornam-se competitivas no mercado internacional, podendo atingir um valor comercial superior ao de outros países. Outro factor que se prende com a produção de PAM, é a diversidade de indústrias consumidoras, tais como a farmacêutica, com produtos convencionais, homeopáticos, veterinários e outros, a perfumaria, a cosmética, a alimentar, e outras, em menor escala, que absorvem grandes quantidades de determinadas plantas, como sejam a hortelã-pimenta ou o limonete.
De salientar que um número crescente de empresas apenas está interessada em material devidamente certificado em modo de produção biológico, pelos organismos competentes de cada país. O seu valor negocial é também relativamente mais elevado nestes casos. Lamentável a ausência de soluções industriais para o processamento primário das plantas no nosso país e da enorme dificuldade em as obter no mercado internacional.