O acesso democrático à
Internet veio revolucionar o mundo. A forma como as empresas
interagem com o seu público-alvo foi profundamente alterada, de tal
maneira que quem não constar na rede, “não existe”. Tal como
“não existem” centenas de agricultores no nosso país, que
cultivam entre-muros produtos fantásticos, infelizmente longe do
conhecimento do grande público, que tantas vezes pode até estar
paredes meias com a sua exploração agrícola. Este meio de
divulgação é tão importante em agricultura, que permite
estabelecer novos equilíbrios entre o agricultor, os seus produtos e
os meios de logística e distribuição. A título de exemplo, a
enorme facilidade com que se podem efectuar vendas directas ao
consumidor, sem ter o produto que passar pelos habituais canais de
distribuição.
A forma como se contrata
logística veio acompanhar os modernos meios de divulgação digital,
sendo que após uma encomenda online, um consumidor receberá o que
encomendou em menos de 24 horas, mesmo que o produto a transportar
necessite de condições específicas, como frio.
A informação contida
num site de empresa é normalmente estática, servindo para garantir
a um vasto público o acesso a detalhes sobre a empresa, como os
produtos que comercializa, o horário de funcionamento ou como chegar
às suas instalações, entre outros. A forma como no Cantinho das
Aromáticas usamos a rede virtual de comunicação tem vindo a
revelar-se de uma enorme importância estratégica para o cumprimento
dos objectivos da empresa.
Em 2007, tomámos a decisão de iniciar o projecto de uma loja online. O e-commerce
estava a afirmar-se em Portugal, gerando cada vez maior confiança
nos consumidores. A loja teve no espaço de um ano pouquíssimas
vendas, o que nos levou mesmo a questionar a sua utilidade. Mas com o
tempo as pesquisas foram aumentando, bem como a confiança dos
utilizadores, revelando-se hoje como elemento-chave na divulgação
dos nossos produtos e serviços, sendo que em certas alturas do ano a
facturação obtida pode superar a facturação da loja física!!!
Esta revela-se como mais
um “colaborador”, disponível 24 horas por dia, em qualquer sítio
do mundo, possibilitando também potenciais vendas para outros
países, se a plataforma estiver para isso preparada. Importante
é garantir que a informação que acompanha cada produto seja
devidamente descritiva, colmatando a ausência de um vendedor que
possa ajudar durante a compra. Proporcionar ao comprador uma
experiência didáctica e interessante aumenta o sucesso das vendas
através da loja online.
Garantir que as
encomendas seguem com brevidade e que correspondem ao adquirido
virtualmente, bem como passar informação clara sobre produtos e
serviços disponíveis, assim como preços, métodos de pagamento e
condições de entrega, são pontos importantes para fidelizar os
clientes.
A solução deve ser
construída recorrendo a especialistas na matéria, já que a
linguagem utilizada, o design e a facilidade de utilização da
plataforma são fundamentais para se atingirem os objectivos
pretendidos.
Desta forma, para além
de todo o trabalho diário na parte produtiva da Quinta, o agricultor
tem ainda que estabelecer um plano logístico eficiente de despacho
das encomendas, tornando-se uma tarefa também diária que não pode
ser descuidada.
Hoje os sites são apenas
mais uma ferramenta entre muitas que contribuem para a projecção
das empresas e das suas vendas. Já não chega ter apenas um site,
hoje uma empresa agrícola deverá utilizar também uma rede social
para tornar mais dinâmica a divulgação dos seus produtos e
serviços. O facebook permite estabelecer uma relação de proximidade com os potenciais clientes e até estabelecer uma rede de
fieis seguidores, quando se sugerem conselhos de como consumir ou se
mostra de perto parte do processo produtivo, estabelecendo laços de
confiança nos produtos a comercializar.
Nesta rede a partilha de
fotografias, vídeos e experiências é de uma enorme facilidade, bem
como criar grupos com interesses específicos. Isto obriga a um
esforço adicional por parte do agricultor, que deve fazer-se
acompanhar das suas ferramentas de trabalho habituais, bem como de
uma máquina fotográfica e um computador! Documentar e partilhar o
processo de plantação, de colheita, ou qualquer peripécia que
aconteça na quinta são momentos interessantes de partilhar com os
seguidores que muitas vezes não têm acesso à azafama diária de
uma quinta agrícola.
A criação de um blogue
para nós foi o mecanismo de divulgação mais importante até agora.
Mas um blogue serve os seus propósitos se for alimentado com
regularidade, já que facilmente cairá em esquecimento se não forem
regularmente publicados posts ou se estes forem pouco interessantes.
Os textos devem ser claros, procurando emitir-se opiniões pessoais
sobre os temas a apresentar, sempre que possível adicionar
fotografias e links sobre os temas que pretendemos comunicar.
Também o Youtube pode ser utilizado como meio de divulgação, o alcance viral que muitos
vídeos com temas relacionados com agricultura atingem é grande, já
que a sua disponibilidade (em português) na rede é inferior. Este é
um meio ainda pouco explorado pela agricultura portuguesa, mas com um
enorme potencial de divulgação. O vídeo desperta um interesse
adicional no tema, até porque é mais fácil aprender vendo a fazer
as vezes que for necessário do que somente ler sobre o tema. Ainda
hoje recebemos telefonemas e mails com questões sobre vídeos
colocados há mais de 4 anos!!!
Talvez o mais importante
recurso gerado pelos novos meios de comunicação digital sejam as
visitas regulares que podem gerar a médio/longo prazo aos espaços produtivos, desde que estejam minimamente preparados para receber,
mesmo que sazonalmente, os potenciais interessados. Apesar de tudo,
ainda não existe marketing que supere a fantástica experiência que
é visitar uma Quinta quando ela está mais bonita, normalmente nas
épocas do ano mais favoráveis em termos climáticos. O efeito
gerado por uma boa experiência sensorial associada a estas visitas,
quando bem organizadas, assume-se como marcante e contribuirá, com a
passagem boca-a-boca, para fomentar visitas regulares, às quais o
agricultor poderá associar um conjunto de produtos e serviços.
